A Patologia do Tédio
e o Novo Sentido do Tato
Hoje, vivemos em um mundo onde temos a necessidade de estarmos ligados
em tudo e todos, com isso, a nossa sociedade sofre de um mal cada vez mais
comum; o tédio. Veja abaixo o significado desta palavra:
1.sensação de enfado produzida por
algo lento, prolixo ou temporalmente prolongado demais.
2.sensação de aborrecimento ou
cansaço, causada por algo árido, obtuso ou estúpido.
Sempre que estamos em um ambiente e ouvimos alguma vibração, barulhos
estranhos, e ate mesmo sons mais sutis, nos inquietamos, só que em pouco ouvindo
esse movimento/barulho por algum tempo logo nos habituamos a ele. A monotonia é
um problema permanente, conforme somos colocados em atividades rotineiras
por longo tempo essas atividades vão ficando monótonas e com isso o
desempenho em sua realização cai notavelmente. Com o avanço
das tecnologias essas situações de monotonia se tornaram mais presentes porque
a pessoa tem que ficar atenta o tempo todo a instrumentos e isso se torna muito
automático.
O Tédio está ligado diretamente a lugares e
tarefas monótonas, o texto A Patologia do Tédio é o
relatado de um experimento realizado pelo psicólogo Hebb e seus colaboradores
B.K.Doane, T.H.Scoot, W.H.Beston incluindo o autor do texto, onde o objetivo
era entender como reagimos à monotonia em lugares extremamente rígidos. Estudantes
do sexo masculino participavam dessa experiência, eles recebiam vinte dólares pela
participação, o procedimento era o seguinte: eles eram colocados em uma cama confortável
por 24h por dia, fazendo pausa somente para refeições e fazer suas necessidades
físicas. Os jovens estavam limitados de todas as formas de percepção sensoriais,
com relação ao tato, audição e visão o que dificultava o funcionamento correto
do cérebro.
Primeiro eles observavam o
comportamento e em seguida observavam a entrevista, os jovens tinham muita
dificuldade de se concentrar, o isolamento mexia completamente com a questão do
bom senso. Percebemos que a privação do sentido gera um desequilíbrio da mente,
ou seja, a variedade é o que mantem sua lucidez. Relembrando o texto do post
anterior; O Lama no Laboratório, notamos a diferença de hábitos e o choque que
entre culturas, pois o monge passa por situações contrárias, e mesmo assim continuam
em um ambiente mental (monótono) onde nada acontece sem causar nenhum tipo de
estresse.
Os jovens mostravam varias reações diferentes, alguns usavam vários
instrumentos da mente e mesmo assim tinha muitas dificuldades em se concentrar,
outros relatavam períodos em branco, distrações com facilidade, irritabilidade,
ansiedade, agitação e mudança no senso de percepção.Os sujeitos pareciam ter
seu raciocínio perturbado, parece que existe uma dependência da
mente de ser dinâmica, é como se o repouso fosse perturbador, tudo isso
era agravado com a privação dos sentidos, nosso cérebro precisa dos sentidos.
No segundo texto O Novo Sentido do Tato é
colocado em prova o potencial da pele, um sentido que não é tão estudado pelas
pessoas, mais de suma importância para o nosso cotidiano, e que merece mais atenção,
por exemplo, para um deficiente visual, o tato é a principal maneira de ler e
ver o mundo que o cerca (leitura em Braille). Teria esse sentido outras
finalidades, seria o tato capaz de ajudar a evitar acidentes aéreos, esse órgão
é capaz de evitar colisões com tanta precisão?
Muitos
acidentes aéreos são causados por causa da desorientação espacial dos pilotos,
no texto o autor expõe esse fato, a Agência Espacial Norte Americana produziu o
primeiro macacão tátil, com ele abre-se um leque de possibilidades sobre tato.
Salvar pilotos e suas aeronaves e a reação intuitiva do toque poderia impedir
que pessoas batessem seus carros e as orientaria em seu destino, enfim, mil possibilidades
são criadas. A visão é um sentido que pode ser engano por ilusão de ótica, o que
nos garante que o tato também não poderia ser? A resposta é simples, dois psicólogos
da Universidade de Princeton descobriram que esse sentido realmente pode ser
ludibriado.
Se relacionarmos
os textos percebemos que eles têm algo em comum e uma semelhança importante e
significativa é a percepções sensoriais para o entendimento do funcionamento da
mente humana, assim como no tema abordado no primeiro texto, se os jovens que
passaram pelas experiências de que tiveram seus sentidos limitados, fossem
submetidos a estímulo do tato poderia evitar a monotonia e ainda mais, poderia formar uma corrente e estimular outros sentidos proporcionando
o bom funcionamento do cérebro.
Por
mais que existam vários entraves nos estudos sobre o uso do tato, e que a maioria
desses estudos é voltada para o uso militar eles seriam muito úteis em várias
atividades diárias, comerciais e muitas outras. Poderia sim um aparato adaptado
ao cinto de segurança de um carro evitar acidentes e salvar vidas, assim como
em uma situação de emergência ajudar um piloto a se orientar , enfim, esses experimentos
nos mostram que estamos cada vez mais dispostos a usar o funcionamento da nossa
mente para um bem coletivo.
Referências: Heron, W. (1977) A patologia do tédio. Psicobiologia: as
bases biológicas do comportamento. Rio De Janeiro: LTC.
2 de Junho, 30-33., M. (2001). O novo sentido
do tato, New Scientist, Schrope